Do tarifaço ao abraço: Lula e Trump marcam encontro após falas duras na ONU


O presidente Lula discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira

O presidente Lula discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira

Mike Segar



Roger Modkovski

O começo da 80ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas foi marcado por uma reviravolta dramática.

O presidente Lula abriu os trabalhos com um forte discurso criticando a postura do colega americano Donald Trump (mas sem citá-lo diretamente).

Veja frases do discurso de Lula

Falando logo em seguida, Trump encerrou sua longa intervenção repleta de desinformação contando que encontrou Lula nos bastidores da ONU, que os dois se abraçaram e que cogitaram se encontrar em breve.

 

Veja a íntegra do discurso de Trump

O encontro, possivelmente para negociar o tarifaço americano sobre produtos brasileiros e as sanções a autoridades —retaliações à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa frustrada de golpe de Estado—, foi confirmado e deve ocorrer em breve.

A colunista Daniela Lima relata que o Planalto viu o plot twist do aceno de Trump, após semanas se negando a negociar, com cautela. E Letícia Casado apurou que houve sinais dados a Lula de que essa abertura ao diálogo seria proposta. Mariana Sanches informa que o script original previa um aperto de mãos, mas que Trump partiu para o abraço.

Josias de Souza afirma que o presidente brasileiro aproveitou sua intervenção internacional para fazer uma "limonada eleitoral", reforçando uma vez mais o discurso nacionalista com que ele conta para conseguir a reeleição.

Para Raquel Landim, a repercussão do discurso de Lula e a reação de Trump mostram que o lobby da família Bolsonaro nos EUA para tentar livrar Jair da cadeia fez mais do que dar uma plataforma eleitoral caseira a Lula para 2026: ajudou a transformar o petista no antagonista global do discurso trumpista. Hélio Schwartsman, da Folha de S.Paulo, avalia que a estratégia orquestrada por Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo sediado nos EUA, foi uma "rematada estupidez".

Mas a visão de Dudu e do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, relata Jamil Chade, é que Trump, ao chamar Lula para negociar, deu um golpe de "gênio", deixando o brasileiro em uma "posição impossível" e na qual terá que ouvir "verdades".

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